
Quando vejo Obama ganhar, me dá vontade de morar lá. Lá nos EUA que, quando jovem, odiei com todas as forças que minha carne possuía. Época de Vietnam, de napalm, de Lincoln Gordon, Kissinger & Cia. Época de influência e sustentação de ditaduras cruentas em toda América Latina. Estudantes e intelectuais que despareciam e outros que foram torturados e mortos. Mas vendo também o inglês negro Hamilton ganhar no Brasil, mesmo com o Galvão Bueno torcendo feito um louco, usando a vinheta da rede globo a espocar BRASILLLLLLLLL,é bastante enriquecedor para o meu curriculum anti-ufanista. Chega de mesmismo, de hipocrisia, de abuso de poder... Confesso que chorei com a vitória de Obama. Pode ser até que seja uma decepção a mais com Tio Sam. Entretanto, é muito prazeroso ver o povo americano ir às urnas, entrar em fila, esperar horas e horas para votar. Um povo que nem sabe onde fica o BraZil, e creio que até os que vêm ao país a título de turismo, pensam que Cristina Kirchner é a nossa presidenta. Exageros à parte, gostaria de estar lá por esses dias. Desfrutar do sentimento de patriotismo, olhar nos olhos dos esparançosos, ser contagiado pela espectativa de mudanças profundas na vida dos americanos. Ver as bandeirinhas estadunidenses tremulando nos carros, nas lojas, nos edifícios, nos barcos, nos bancos... Fico pensando o que seria viver num país onde se respeitam as leis, onde não há dungas, ronaldinhos gaúchos, nem fenômenos...O que seria viver num país onde mesmo em meio a uma crise econômica, ao invés de adotar medidas ortodoxas de aumento de juros ou preservação de altas taxas, como faz a nossa equipe econômica, o governo norte-americano reduz os juros, estatiza bancos particulares, injeta dinheiro na economia e insta o povo para que consuma? Queria estar morando lá. Queria ver todos os monumentos que lá estão, representando cada um conquistas históricas que seu povo estima e conhece. Não ter o desprazer de ver tanta falta de empatia pelo patrimônio público como é o proceder do brasileiro, quando se quebram as estátuas, roubam óculos de nosso poeta maior,isto somente para ficar no terreno cultural. Nasci no Brasil, mas gostaria de estar vivendo nesses dias em Chicago. Conhecer a Casa Branca, fotografar sua imponência, e caminhar com a minha câmera digital sem medo de ser assaltado. Queria ir à Dallas/Texas e lá observar o caminho que foi feito pelo Lincoln presidencial de John Kennedy, em 22 de novembro de 1963, quando foi assassinado durante esse trajeto. Neste dia, aqui no Brasil, todo o pessoal das rádios no Rio de Janeiro estava em greve e soubemos a notícia do atentado e morte do presidente dos EUA por uma emissora de Petrópolis. A greve impediu exclusivismos, notícias em primeira mão e a jactância dos jornalistas sem escrúpulos que dão a notícia sem apurá-la. Mas, confesso novamente, gostaria de brindar com alguns americanos a grande vitória do primeiro negro americano a assumir a presidência do país mais importante do mundo. Que bom seria resgatar discos de vinil de Sinatra, entrar em lugares que ele entrou para dar shows, conhecer os pertences de Elvis, de Marilyn Monroe, de Gary Cooper, do grande lutador de boxe, campeão dos pesos pesados na década de 30 - Max Baer. Que bom seria viver o presente desfrutando dos melhores momentos do passado, momentos que transitaram nos dias de nossas vidas, nos jornais que lemos e que jogamos fora, nas revistas que vimos nos consultórios de dentistas, sempre antigas, mas que folheávamos com a alegria de um garoto diante de um brinquedo...Já tive oportunidade de ter duas nacionalidades: a brasileira e a portuguesa, mas, e daí? O nosso torneiro-mecânico enfim é o que se vê e a revolução dos cravos vermelhos esmaeceu as flores numa festa que "foi bonita, pá"! Agora, os EUA vivem os seus dias triunfais - dias das grandes esperanças, dias das grandes possibilidades, dias de acabar com guerras, dias de contruir a paz. Queria estar lá, ser chamado de Mr. Marquesss e dizer: I don't want to go back to Brazil.
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