segunda-feira, 24 de novembro de 2008


Ouço um coral tresloucado. Não consigo ouvir bem o que cantam. Seriam índios que vieram do Xingu e aportaram aqui, junto a meu prédio. Corro à janela e vejo que não, são adultos, jovens e crianças, berrando em uníssono o nome de um time. Um e outro soltam palavrões indizíveis. Machado descreveria essa cena usando expressões, tais como: a malta...(não confundir com o Vasco); a caterva...(não confundir com caverna);a folgança; a patusca, e haja outros termos que podem caracterizar essa multidão embalada pela mídia e seu processo de alienação. Levei muito tempo a me acostumar com a palavra “sacanagem”. Entrava no elevador da empresa onde trabalhei por mais de 26 anos e ouvia uma mulher usar desse termo. Eu corava, alguns se olhavam, mas tudo continuava com dantes. Depois ouvi o tradicional “porra” sair da boca de jovens, moças, mães e médicas. Resolvi aderir a esse avanço “cultural”. Da janela mesmo mandei todo mundo para a p.q.p. Automaticamente o coro de f.d.p. ganhou os lábios daquele seleto grupo. Sentí-me aliviado.

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