quinta-feira, 22 de julho de 2010

Valeu!...


Tenho recebido dezenas de emails de políticos que estão se candidatando. Todos me conclamam para ser um cidadão consciente e ser mais um voluntário em sua campanha. Ponto para respirar. Pausa para não xingar.

Reinicio a prosa para dizer que não vou falar em política. Vou escrever um pouquinho sobre o momento atual em que vivemos. E aí meus pensamentos perplexos me fazem meditar sobre Robson Crusoé. Estar sozinho numa ilha.

Hoje acordei e me imaginei sendo essa personagem. Mas por que despertar e logo pensar em Crusoé? Simples. Meu vizinho de cima está fazendo obras em seu apartamento e o ruído ininterrupto das talhadeiras começa cedo. Nessa hora anelo pelo refúgio em completa solidão.

Há horas em que chego a amaldiçoar a "civilização". E há motivos, estou certo. Primeiro pela existência do pensamento único. Não há mais o contraditório. Assisti recentemente a um vídeo onde o pedagogo Paulo Freire, em um evento na Espanha, em 1994, profetiza esse descalabro social. Ele diz que não haveria mais montanhas na ótica do pensamento, somente planícies onde a estrutura das discussões seria literalmente igual. Basta olharmos para Serra e Dilma e os demais políticos. São indiscutivelmente os mesmos.

Estamos cercados pela moda igualitária. Uma maneira de se vestir é imposto pelas novelas e todos seguem a mesma regra. Crianças, jovens, adultos, pessoas de mais idade, todos seguem o que foi estabelecido. O termo "Moda" também transita pelo campo das idéias. É o vovô com o bonezinho, é a senhora, a criança e a jovem se vestindo no estilo "cachorra". Vemos tudo isso e não nenhum conflito, como previu o grande mestre Paulo Freire no final do século passado.

Todos vão para o shopping respirar aquele ar viciado pela quantidade de pessoas que circulam nos corredores atulhados de gente com embrulhos cheios de sua necessidade de ter o que o vizinho tem.

Enquanto isso há um segmento que está sentado em frente a um televisor. Prefiro não fazer comentários.

Sobre o twitter, prefiro citar o que falou José Saramago, que nos deixou em 18 de junho último: "O twitter é o último passo da linguagem em direção ao grunhido".

Você poderia estar pensando: "Esse cara é um saco, cheio de amargura, que vive brigando com o mundo". Não, não sou. Pelo contrário, sou o melhor otimista.

Essa sociedade, moldada ao mercado, nas mãos dos poderosos de sempre, está aí, a pleno vapor. Não julgamos mais a vida pela alegria ou pela felicidade das pessoas, mas pelo PIB do país, pelo IGPA que cresce ou baixa, pelas reuniões do COPOM, ou pelos resultados do ENEM ou do ENADE. Somos produtos de siglas inventadas pelos capatazes do neoliberalismo.

Ligo o meu radinho companheiro e ouço: Vasco e Flamengo empatam na rodada de ontem. Vou pra academia, lá eu posso praticar "fitness" e "spinner". By.

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